terça-feira, 27 de julho de 2010

Vinci GT


Vinci GT
(Primeiro Carro Portugues)


Foram apenas duas voltas - que souberam a pouco - mas o suficiente para que se afirme com imenso orgulho que o sonho Português tem pernas, aliás, rodas para andar, depois do primeiro contacto dinâmico com o protótipo funcional do Vinci GT, o primeiro desportivo Português desenvolvido pela Retroconcept.

Estacionado na pista do kartodromo de Baltar, as linhas encarnadas do Vinci GT exaltam uma agressividade que nos remete para desportivos do passado com a devida reinterpretação para os nossos dias, onde se destaca a simplicidade dos grupos ópticos traseiros circulares, que contrastam com o soberbo deflector aerodinâmico inferior traseiro. Na dianteira, o Vinci GT olha-nos com simpatia e elegância, mas o longo capot recorda-nos que por baixo se encontra um "feroz" 6 litros de 8 cilindros e, pelo menos, segundo os responsáveis, 420 cavalos de potência - na variante de produção vai chegar aos 475 cavalos - podendo não se ficar por aqui, com a possibilidade de atingir um máximo de 700 cavalos de potência, recorrendo à "magia" da sobrealimentação. Sendo este um protótipo, são notórias algumas falhas nos acabamentos, que na versão de produção estarão corrigidas, como afirmou Miguel Rodrigues, responsável máximo da Retroconcept.

Vestido na carroçaria targa, o tecto do Vinci GT é removível, entramos no seu interior, que como o exterior recupera detalhes do passado, aliando-se aos materiais compósitos e à alta tecnologia ao dispor da condução e do conforto para um ambiente requintado. Os bancos eléctricos em pele, proporcionam uma posição de condução correcta que só não é perfeita devido aos limites da regulação neste protótipo, que talvez não esperaria receber condutores com cerca de 1,90 metros. O motor V8 de 6 litros, de origem Norte-Americana, acorda silenciosamente, mas logo que se toca no acelerador, revela uma sonoridade entusiasmante e um enorme pulmão, para momentos que se esperavam inesquecíveis ao volante "do sonho" Português. À primeira vista a caixa automática de quatro velocidade parece ser o seu calcanhar de Aquiles, mas neste breve contacto o seu desempenho não comprometeu, e segundo os responsáveis esta será a melhor escolha para o cliente alvo do Vinci GT, permitindo ritmos rápidos e uma comodidade naturalmente exigida a um Gran Turismo (GT). Para o futuro não é descartada a hipótese de uma caixa automática mais evoluída ou mesmo uma manual de seis velocidades, dependendo da vontade do cliente.

Na primeira volta movemo-nos cuidadosamente, quase como reconhecimento à pista mas mais particularmente às reacções do Vinci GT. No entanto a enorme vontade de acelerar começa a crescer à mesma velocidade que rodamos o volante ao sabor das curvas de uma pista que embora de um kartódromo, oferece espaço suficiente para umas (pequenas) diabruras, sempre com o controlo de estabilidade à espreita. Chegados à segunda volta tiramos o máximo proveito do equilíbrio do chassis e deixamos que o som rouco do V8 de 6 litros apure os nossos sentidos. Os mais de 400 cavalos catapultam-nos de curva em curva com uma força inesgotável, e uma agilidade que parece contrariar as suas dimensões. A explicação é simples, o desportivo Português é adepto da mais recente cultura "light". A utilização de materiais compósitos na carroçaria, jantes especiais em compósito de fibra de carbono e magnésio irá permitir que o seu peso, ainda que esteja dotado dos mais avançados sistemas electrónicos ao dispor da condução e do conforto como suspensões activas, entre outros, seja de apenas 1360 kg o que por si só pode explicar as performances anunciadas: 318 km/h de velocidade máxima e uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 4,5 segundos. Os travões de disco às 4 rodas garantem uma travagem equilibrada, enquanto que o controlo de estabilidade limita as divagações do eixo traseiro, sempre que pisamos o acelerador a fundo. Uma experiência única, não seja este o primeiro desportivo Português e a concretização de um sonho que abre um precedente na indústria automóvel Nacional. Para os mais cépticos podemos afirmar depois desta experiência que o desportivo Português tem potencial e futuro para vencer numa classe extremamente exigente.

O Vinci GT entra agora numa fase de engenharia onde irá sofrer algumas alterações e melhoramentos. Para o próximo ano, arrancam as vendas do Vinci GT, com um preço que está ainda dependente da validação de algumas soluções, esperando-se um valor entre os 200 e os 300 mil euros para uma produção estimada de 100 unidades, cada uma personalizada ao gosto do cliente. Ainda antes, são esperadas as primeiras informações do Vinci Sport, um desportivo na génese do Lótus Elise e do Vinci TT, um todo-o-terreno de luxo. No final deste breve contacto com o primeiro desportivo de concepção 100% Nacional, uma certeza: o Vinci GT tem tudo para vencer...


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